Cora Coralina: Resiliência em Poema

Cora Coralina uma poeta que traduziu a Resiliência em poemas. Traduziu a vida em frases e palavras. Transformou a sutileza das rotinas diárias em impressionantes versos.

Confira a reportagem sobre essas miudezas que deixam a vida tão larga no site HuffPost. Para deixar o gostinho:

Assim eu vejo a vida

“A vida tem duas faces:

Positiva e negativa

O passado foi duro

mas deixou o seu legado

Saber viver é a grande sabedoria

Que eu possa dignificar

Minha condição de mulher,

Aceitar suas limitações

E me fazer pedra de segurança

dos valores que vão desmoronando.

Nasci em tempos rudes

Aceitei contradições

lutas e pedras

como lições de vida.

e delas me sirvo

Aprendi a viver.”

 

O que não desejo para minhas afilhadas e meus afilhados: Discurso da Formatura

Compartilho aqui no Blog o discurso que fiz para minhas afilhadas e meus afilhados no dia 13 de janeiro de 2018. É realmente especial fazer parte desse momento, e embora as palavras não representem com toda a intensidade o momento, elas ajudam a dar um suave contorno ao afeto que foi dividido nessa noite tão especial, na qual 41 novos colegas foram apresentados! Segue:

“Pensei tanto no que dizer para vocês nesse momento e teria tanto para dizer, mas ao mesmo tempo o que é preciso ser dito em um dia como esse no qual as palavras pouco fazer jus à intensidade desse momento de hoje?  Certamente o mais importante eu e meus colegas já mostramos para vocês nas nossas pequenas ações diárias – e elas são (e serão) o mais importante com certeza que levarão de nós em cada um de vocês: nossas ações, mais que nossas palavras.

Há tantos conselhos, há tantas orientações, há tantas dicas. Inevitavelmente, me peguei pensando no meu percurso como psicóloga e lembrei de tantas coisas que me disseram para fazer, como fazer. Tantas pessoas que te querem tão bem expressando o desejo de que você faça isso ou faça aquilo. Isso pode ser bastante confuso!

Nós já dissemos tantas coisas para vocês! Não é?

Então, pensei em dizer as minhas afilhadas e aos meus afilhados algumas coisas que desejo que vocês NÃO façam:

Desejo que não fiquem indiferentes a palavra do outro; que não descuidem das belezas  que os detalhes recobrem, nem das sutilezas que as relações solicitam.

Não desanimem, não desacreditem, não deixem de sentir o que precisam sentir em cada momento.

Não corram demais, as aventuras e descobertas virão no tempo de cada um. Não descuidem do caminho: ele precisa de cuidado para ser percorrido, de respeito, paciência e uma boa quantidade de dedicação.

Não creiam demais, é preciso duvidar para crescer.

Não deixem de experimentar: o desconhecido, o antigo, o novo, o gosto, o beijo, o adeus, um recomeço, um novo dia.

Não ignorem o que os rodeia: o conhecimento, as amizades, a espontaneidade do gesto.

Não sejam mesquinhos com vocês mesmos: sejam generosos com os erros, sejam corteses com os deslizes e riam – bastante, e se der, alto.

Ah, fundamentalmente, não se esqueçam de rir de vocês mesmos – se levar a sério demais é enfadonho. Bom humor não é o oposto de seriedade e comprometimento.

Não evitem a saudades, ela nos torna mais humanos – mas, não deixem de apreciar o presente e de investir e buscar o que está por vir.

Não deixem de voar,  não esqueçam de descansar, não evitem de parar e, sempre, não deixem de continuar.

Não se desesperem, há sempre com quem contar: olhe par ao lado ( para seus colegas); olhe para frente (aos pais e amigos); e olhem para trás (a nós professores). Mas, também não se omitam.

Estaremos sempre juntos de alguma forma!

Finalmente, tomo algumas palavras emprestadas do bom velhinho, mas que representam com perfeição o que quero dizer para vocês nesse momento :

“ Como poderia esquecer de falar sobre a técnica da arte de viver? Ela se faz visível por uma notável combinação de aspectos característicos. Naturalmente, visa também a tornar o indivíduo independente do destino e, para esse fim, localiza a satisfação em processos mentais internos […]. A libido não volta as costas ao mundo externo: ao contrário, prende-se aos objetos pertencentes a esse mundo e obtém felicidade de um relacionamento emocional com eles. Estou falando da modalidade de vida que faz do amor o centro de tudo.” (Freud, 1930, p.89).

A felicidade exige uma aposta grande, então apostem alto – tão alto quanto julgarem que merecem. Há um caminho enorme pela frente, posto que um pedaço lindo dele já foi cumprido até o momento. Mas eu digo para vocês de todo coração: Não economizem com o caminho de vocês porque será somente através dele que vocês se tornarão o que almejam.”